Não. Eu não consigo ser simplex. Por mais que me peçam, que pressionem, que veladamente ameacem. Contemplei a possibilidade. Heideggerianamente, abri-me a ela como possibilidade do ser que eu sou aqui e agora, como possibilidade que se me dá no dar-me a ela. E eu dei-me à escuta desse apelo ontológico primordial, dessa aurora de um porvir que me lançaria para o futuro em autenticidade só minha. Oh, se dei.
Mas o facto é que não deu. Não me deu para ser simplex, eu, labiríntica, eu torta e eu torcida, não me dou com sê-lo, ser simplex não se dá comigo. É - se é - autenticidade que não se me dá para ser. Foi ao estar prestes a essa entrega que algo que em mim in-siste me alertou para o perigo, que era abismo o que se me deparava pela frente, desse eu tal passo. É o dás. Não dei. O passo não se deu. Não cedeu ao apelo, ao homericamente canto da sereia, ao cristãmente engodo do diabo, à marxianamente falsa consciência de ser o que quer que seja que se quer que eu seja.
Não. Boa maneira de começar, dada a circunstância do que agora é. E lá voltamos ao Martin das arrevezadas clareiras alemãs e das auroras gregas. Se não é boa, má não pode ser. A maneira. Não a circunstância. Tenho fé que não. E a fé move montanhas. Ou, se não move, ergue muita coisa ao alto. Ou, se não muita coisa, há-de erguer pelo menos a coisa que interessa. A coisa. Aquela que não carece que se pergunte o que é uma coisa.
E se há coisa que eu não sou é socrática. Eu, moi, se há alguma coisa a que me dê, é ao luxo.
Pronto. Por agora terminei. O princípio, claro. Do resto que está para vir.
Aguardem-me.
Que eu já volto.
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